quinta-feira, 15 de março de 2012

Tome a saideira, antes que o governo proíba

André Barcinski

Saiu hoje no Caderno “Comida”, da “Folha de S. Paulo”, uma coluna que fiz sobre o projeto de lei do deputado Campos Machado (PTB) que proíbe, em todo o Estado de São Paulo, a venda e consumo de álcool em ambientes públicos como calçadas, praias, festas e feiras.
O objetivo do projeto, segundo o próprio site do deputado, é reduzir acidentes de trânsito causados por motoristas embriagados.
O delírio de Campos Machado é mais um exemplo de hipocrisia do poder público, que não consegue resolver questões básicas e pune todos os cidadãos por isso.
Beber não é proibido. Proibido é beber e dirigir, certo?
Então por que Campos Machado e seus apoiadores querem punir todo mundo que bebe?
Simples: porque é mais fácil inventar uma lei dessas e jogar todos os paulistas na ilegalidade do que fiscalizar motoristas bêbados e punir com rapidez qualquer um que seja pego bêbado ao volante.
O que mata, nas estradas brasileiras, é a impunidade, não o fato de os cidadãos tomarem cerveja na calçada ou dentro de suas casas.
Não adianta proibir álcool se a fiscalização continuar deficiente e a polícia, corrupta.
O site do deputado lista uma “relação provisória de apoiadores” do projeto, que inclui o vice-presidente da República, Michel Temer, os senadores Aloyisio Nunes Ferreira (PSDB), Álvaro Dias (PSDB), Fernando Collor (PTB) e Paulo Paim (PT), entre outros.
Até aí, nada de anormal. Já desisti de esperar bom senso de políticos.
O que me chocou mesmo foi ver o nome de Luiz Flávio Borges D’Urso, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional São Paulo, entre os apoiadores do projeto.
Como pode a OAB apoiar uma lei que restringe direitos dos cidadãos?
Cada vez mais, São Paulo caminha para a militarização e o patrulhamento. Ambulantes de rua são expulsos, viciados são jogados para escanteio, etc.
Quero ver essa cidade, que já não tem praia, não tem parque, não tem verde e não tem socialização, sobreviver sem a cervejinha na calçada. Seria o fim dos tempos.

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