“Prefeitura de SP
decide cassar licença do shopping Higienópolis”. Eis aí mais uma atitude em
defesa dos paulistanos. Será mesmo? A justificativa da vez – já que uma ação de
uma entidade pública deve ser sempre fundamentada, ainda que da forma mais
absurda -, é que o estacionamento do referido shopping não apresenta o número
mínimo de vagas – 1.994. Ora, e não está certo o setor de “Supervisão Técnica
do Uso do Solo e Licenciamentos” da Subprefeitura da Sé em tomar tal atitude?
Não, é evidente que não.
De fato, estacionar em shoppings está cada vez mais caro
e difícil. E por quais motivos? Posso sugerir um: o aumento de consumidores, já
que estes estabelecimentos oferecem mais segurança para quem vai às compras. Segundo
a reportagem da Folha Online, o
número de vagas oferecidas pelo shopping é de 1.175, quantidade bem abaixo da
exigida.
Apesar deste déficit
de vagas, os consumidores que frequentam o shopping preferem-no a ir outros
shoppings ou a outros centros comerciais (25 de março, Brás, Oscar Freire,
Feirinha da Madrugada, etc.). O que isso quer dizer? Significa que os
indivíduos, inobstante as dificuldades e aborrecimentos para encontrar uma
mísera vaga para estacionar seu carro – sem considerar aqueles que vão a pé ou
de metrô/ônibus -, entendem que vale a pena frequentar o shopping com poucas
vagas. Portanto, trata-se de uma decisão individual dos consumidores que,
obviamente, afeta a produção e o comércio das lojas que compõem o shopping. Se
os consumidores mudarem de opinião e entenderem que é demasiadamente penoso
encontrar uma vaga e mudarem de centro comercial, os próprios lojistas – após pesquisarem
a respeito dessa mudança -, exigirão um maior número de vagas, facilitando a
vida dos antigos frequentadores, de sorte que tenderão a voltar para lá.
Portanto, ao contrário do que se possa pensar, como a prefeitura ao lado do
consumidor que passa apuros para encontrar uma vaga no shopping Higienópolis,
não, não é isso. A prefeitura de SP ou de qualquer outra cidade, apenas
atrapalha as decisões individuais, intrometendo-se numa seara exclusiva do
mercado, onde somente indivíduos devem decidir.
Se tudo isso não bastasse, a cassação da licença de
funcionamento deste shopping acarretará em desemprego para milhares de pessoas
que lá trabalhavam. Pergunto: o que há de bom nisso tudo? Nada, absolutamente
nada.
Por fim, a reportagem informa que a
administradora do shopping teria pago propina para obter alvarás de
funcionamento. Ora, este é mais um problema do Brasil cartorial e burocrático.
É a velha consequência de o estado querer regular toda a atividade econômica. Velha
porque muitos já explicaram isso; um deles é P.J. O’Rouke: “Enquanto comprar e vender são controlados pela legislação, as
primeiras coisas a serem compradas são os legisladores”.
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