quarta-feira, 4 de julho de 2012

Mais uma intervenção estatal deletéria


           
“Prefeitura de SP decide cassar licença do shopping Higienópolis”. Eis aí mais uma atitude em defesa dos paulistanos. Será mesmo? A justificativa da vez – já que uma ação de uma entidade pública deve ser sempre fundamentada, ainda que da forma mais absurda -, é que o estacionamento do referido shopping não apresenta o número mínimo de vagas – 1.994. Ora, e não está certo o setor de “Supervisão Técnica do Uso do Solo e Licenciamentos” da Subprefeitura da Sé em tomar tal atitude? Não, é evidente que não.
          De fato, estacionar em shoppings está cada vez mais caro e difícil. E por quais motivos? Posso sugerir um: o aumento de consumidores, já que estes estabelecimentos oferecem mais segurança para quem vai às compras. Segundo a reportagem da Folha Online, o número de vagas oferecidas pelo shopping é de 1.175, quantidade bem abaixo da exigida.
            Apesar deste déficit de vagas, os consumidores que frequentam o shopping preferem-no a ir outros shoppings ou a outros centros comerciais (25 de março, Brás, Oscar Freire, Feirinha da Madrugada, etc.). O que isso quer dizer? Significa que os indivíduos, inobstante as dificuldades e aborrecimentos para encontrar uma mísera vaga para estacionar seu carro – sem considerar aqueles que vão a pé ou de metrô/ônibus -, entendem que vale a pena frequentar o shopping com poucas vagas. Portanto, trata-se de uma decisão individual dos consumidores que, obviamente, afeta a produção e o comércio das lojas que compõem o shopping. Se os consumidores mudarem de opinião e entenderem que é demasiadamente penoso encontrar uma vaga e mudarem de centro comercial, os próprios lojistas – após pesquisarem a respeito dessa mudança -, exigirão um maior número de vagas, facilitando a vida dos antigos frequentadores, de sorte que tenderão a voltar para lá. Portanto, ao contrário do que se possa pensar, como a prefeitura ao lado do consumidor que passa apuros para encontrar uma vaga no shopping Higienópolis, não, não é isso. A prefeitura de SP ou de qualquer outra cidade, apenas atrapalha as decisões individuais, intrometendo-se numa seara exclusiva do mercado, onde somente indivíduos devem decidir.
            Se tudo isso não bastasse, a cassação da licença de funcionamento deste shopping acarretará em desemprego para milhares de pessoas que lá trabalhavam. Pergunto: o que há de bom nisso tudo? Nada, absolutamente nada.
            Por fim, a reportagem informa que a administradora do shopping teria pago propina para obter alvarás de funcionamento. Ora, este é mais um problema do Brasil cartorial e burocrático. É a velha consequência de o estado querer regular toda a atividade econômica. Velha porque muitos já explicaram isso; um deles é P.J. O’Rouke: “Enquanto comprar e vender são controlados pela legislação, as primeiras coisas a serem compradas são os legisladores”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário